Greve: "Protesto é pelo futuro de nossos filhos", dizem caminhoneiros no DF.

Caminhoneiros que ocupam o estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, no Distrito Federal, desde a madrugada desta terça-feira (3), afirmaram que os protestos iniciados há duas semanas são principalmente para que eles consigam dar um futuro com boas condições aos filhos. O movimento reuniu 50 caminhões em frente à arena. A categoria protesta contra a alta do diesel, o valor dos pedágios e pela redução do preço do frete.

O caminhoneiro Ney Justino, de 54 anos, veio de Campo Mourão, no Paraná. Com 32 anos de estrada, ele afirmou que se os caminhoneiros não conseguirem uma negociação com o governo, a maioria terá de deixar a profissão.

“Resolvi vir para cá pela minha família. Se a gente fica acomodado, não conseguimos dar condições para nosso filhos. Essa manifestação significa o futuro dos nosso filhos”, diz. “Se a gente não conseguir o que a gente quer, provavelmente teremos que deixar o caminhão.”

Justino reclamou das condições durante as viagens. Segundo ele, não há nenhum tipo de segurança ou estrutura nas estradas para receber os caminhoneiros. “Somos pessoas fortes e valentes, mas somos frágeis. Não andamos armados e não temos segurança nenhuma. O caminhoneiro hoje está conhecido como ladrão ou drogado, e nada disso é verdade”, afirmou. “O caminhoneiro tem que fazer aquilo que ele ama, se não amar o que faz não suporta a solidão da estrada e a saudade de casa.”

O caminhoneiro Célio Alves, de 49 anos, afirmou que os caminhoneiros geralmente têm saúde precária também. “A gente não tem saúde boa. A maioria não tem plano de saúde e nem condições para ir ao médico”, disse. “Na estrada, não temos postos de apoio. O tipo de banheiro que a gente usa é horrível. Às vezes pagamos R$ 10 para tomar banho em um lugar e não dá nem para lavar a mão de tão sujo que é. É um absurdo.”

Fernando Roque, de 36 anos, veio de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, e disse que a vida de caminhoneiro é uma tradição de sua família. “Comecei a dirigir com 13 anos. Desde pequeno meu pai já tinha caminhão e eu e meu irmãos continuamos a tradição”, disse. “O problema é que acabamos não estudando muito e hoje para deixar o caminhão e começar a estudar fica complicado, mas dirigir desse jeito não está tendo mais condições.”

Com duas filhas – de 4 anos e outra de 10 meses, Roque afirmou que a saudade da família faz parte de seu cotidiano. “A gente está acostumado a ficar fora, mas sente falta. Sempre estou pensando nas crianças e em casa”, disse. “A gente não consegue acompanhar o crescimento. Essa profissão é realmente para quem gosta porque é muito difícil. Se eu puder e conseguir, vou vender o caminhão. Não tenho mais ânimo para continuar assim.”

Comissão

Uma comissão de cinco caminhoneiros foi montada para se reunir com seis deputados no Congresso Nacional na tarde desta terca. Segundo o caminhoneiro Gilberto Bandeloff, de 48 anos, o grupo é independente e não é representado por nenhuma entidade. “Em outras situações o sindicato nos traiu. Sindicato não está na nossa realidade, não é caminhoneiro”, disse. “Por isso resolvemos vir até aqui para resolver por conta própria.”

Segundo Bandeloff, a reunião com deputados será para discutir principalmente o preço do óleo diesel. “Os deputados falaram que vão levar nossas propostas para a bancada.”

O caminhoneiro Alceo Tramujas, de 41 anos, afirmou que não há nenhuma carreata prevista. “Não estamos programando nenhum deslocamento. Se for feito, será bem organizado, com o apoio da PM”, disse.

“Queremos que o governo nos receba. Estamos com muitos deputados apoiando a causa e principalmente a população. O povo abraçou nossa causa de uma maneira que nunca tínhamos visto.”

Fonte: G1

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