Que tal mães e caminhoneiras?

Entre viagens e paradas, estas mulheres dividem o tempo entre o trabalho e as obrigações domésticas

Acordar cedo, fazer o café, cuidar dos filhos e do lar. Cumprir tudo isso - às vezes ao mesmo tempo - parece ser bem trabalhoso, mas é o dia a dia vivido por boa parte das mães em todo o mundo. Porém há algumas exceções. Existem mães que se dedicam à outro tipo de missão: dirigir caminhões. Corajosas e determinadas, elas provam que a paixão pela profissão e a família pode existir sem problema algum.

Rosangela Gomes, Edisia Ramos e Sheila Bellaver possuem três coisas em comum. São mulheres, mães e caminhoneiras. Cada uma com sua peculiaridade. Rosângela, 46, trabalha dirigindo caminhões há 10 anos. Ela acorda às 4h da manhã de segunda a sexta-feira, e costuma fazer viagens para entregar cargas no interior de Pernambuco.

Apesar da distância, ela não deixa de dar atenção à filha Luanna Nascimento, 24. “Estamos sempre juntas, seja fisicamente ou por meio de recursos tecnológicos. Costumamos nos reunir aos fins de semana para compartilharmos nossas experiências do dia a dia. As vezes eu me considero chata por ligar constantemente para saber como ela está. Os filhos podem até envelhecer, mas sempre serão nossos eternos bebês”, completa.

Para ser mãe, nem sempre é necessário ser de sangue. Edizia Ramos, 41, faz jus a isso. A mulher, que trabalha como caminhoneira há seis anos, tem o maior apego com o seu afilhado Júlio Cesar, de um ano e oito meses. Ela conta que o pequeno garoto já demonstra sinais de que pretende seguir a mesma profissão. “Quando me vê, ele já aponta para a chave do caminhão. Quero ser sempre uma madrinha presente. Quero que essa paixão seja repassada de geração para geração”, relata emotiva.

A gaúcha Sheila Bellaver, 35, tem quatro filhos. Ela é caminhoneira há oito anos, e conta que ser mãe e motorista de caminhão é um desafio que muitas não têm a coragem de encarar. “Estamos sempre longe, então acabamos perdendo momentos únicos como o crescimento e a vida dos nossos filhos. Após me tornar caminhoneira, aprendi a aproveitar cada vez mais o tempo quando estou com eles”, complementa.

Dirigindo uma Scania, a gaúcha viaja para diversas partes do Brasil, e já chegou a passar 60 dias fora de casa. O tempo longe do lar pode até ser grande, mas ela procura manter o vínculo familiar sempre que pode. “Quando estaciono, faço contato com todos através de ligação. Uma vez ou outra, quando não posso, mando mensagens nas redes sociais. Claro que não é a mesma coisa que fisicamente, onde posso abraçá-los, mas ainda sim consigo matar um pouco a saudade”, conta em um tom de esperança.

Cerca de vinte dias antes de dar a luz ao seu filho mais novo, Sheila ainda estava pegando a estrada. O amor pela profissão era tão grande que ela não deu um descanso nem após ter o bebê. “Com apenas oito dias de nascido ele viajou comigo e meu marido. Nossa idéia era conseguir manter o bebê na estrada, mas vimos que não dávamos conta de cuidar dele e do caminhão ao mesmo tempo”, diz.

Por conta da profissão, é comum que datas comemorativas sejam perdidas. Sheila conta que, após seguir esta carreira, o caminhão passou a ser a vida dela. “O veículo me dá uma sensação de liberdade, mas é uma liberdade que ao mesmo tempo me prende. Gasto a maior parte do meu tempo aqui. Virou minha casa oficial”, finaliza emocionada.

 

Fonte: Diário de Pernambuco

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