Roubo de carga cresce no DF e pesa no bolso do consumidor

Depois de rodar pelas estradas brasileiras por mais de 15 anos, José* não sabe mais se voltará a guiar seu caminhão. Atualmente, o motorista está afastado do serviço e tenta se recuperar do susto que levou no dia 29 de agosto deste ano, quando foi assaltado por três criminosos, próximo à BR-060, e teve a carga de remédios que transportava levada por eles.

Os bandidos estavam em dois carros e, por sorte, preferiram deixar José para trás e levar só o caminhão. “Por fim, eu até agradeci. Porque eu tenho amigos que foram sequestrados e chegaram a ficar mais de seis horas na mira de revólveres dos criminosos e, por pouco, não perderam a vida”, afirma.

A situação enfrentada por José não é isolada. Dados da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do DF (SSPDF) mostram que, entre janeiro e julho de 2017, houve um aumento de 65% no número de roubo de cargas no Distrito Federal, quando comparado ao mesmo período do ano passado — o total de ocorrências desta natureza saltou de 29 casos para 48.

Essa ascensão também foi registrada nacionalmente. De acordo com a Confederação Nacional de Trânsito (CNT), de 2011 a 2016, esse tipo de crime aumentou 86% em todo o Brasil. A entidade mostra que foram 98 mil ocorrências registradas nesse período, o que representa um roubo a caminhão a cada 23 minutos.

O Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol/DF) afirma que, devido à falta de segurança, os bandidos estão cada dia mais violentos na região de Brasília. Segundo o Sinpol, normalmente, eles andam em grupo, divididos em dois ou três carros, fortemente armados. A preferência é por cargas caras: remédios e bebidas alcoólicas estão entre as prioridades.

Para ter acesso aos produtos, os criminosos vigiam as distribuidoras e depois seguem os caminhões até locais ermos, abordando os motoristas em estradas vicinais de diversas cidades do DF. “Percebe-se que essa modalidade de crime muito comum na região sudeste começou a migrar para Brasília”, afirma Rodrigo Franco, presidente do Sinpol.

De acordo com os motoristas ouvidos pelo Metrópoles, as cidades próximas às BRs 060 (como Samambaia, Riacho Fundo e Núcleo Bandeirantes) e 040 (como Santa Maria) são as mais perigosas. Dados do Sinpol confirmam isso e mostram ainda que, nas ruas de Ceilândia, o risco das cargas serem roubadas também é grande — veja tabela abaixo.

Pior para o consumidor

Com medo e levando prejuízo a cada carga roubada, as transportadoras tentam investir em tecnologia e segurança para evitar os crimes. Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Distrito Federal (Sindibras), nos últimos tempos, os empresários passaram a comprar rastreadores mais modernos e até mesmo a contratar vigilância armada quando é preciso fazer o transporte de cargas valiosas.

Tanto investimento aumentou os gastos das empresas. Esse valor está sendo passado aos clientes que contratam o frete. “Cada carga ficou, no mínimo, 3% mais cara”, explica Juvenil Martins Filho, tesoureiro do Sindibras. Para não ficar com o prejuízo, de acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), o comerciante repassa o aumento das transportadoras para os consumidores.

Com a crise econômica no país e o aumento no valor final do produto, os consumidores acabam se afastando de bares, restaurantes, evitando tudo que dá. Essa baixa procura leva ao fechamento dos comércios. Uma coisa leva à outra”.

Questionada sobre o aumento no número de roubos de carga no DF, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social afirmou que, no Distrito Federal, esse tipo de crime não ocorre com frequência. “O número de ocorrências no DF é baixo se comparado com o vizinho estado de Goiás, por exemplo. A Polícia Militar tem realizado grandes operações de desarticulação deste tipo de crime. Nestas operações, já foram recuperados caminhões que transportavam Gás Liquefeito de Petróleo, 10 toneladas de arroz e 500 mil maços de cigarros contrabandeados do Paraguai”, informou a pasta em nota.

 

Fonte: Metrópoles

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