Polícia faz operação para combater roubo de cargas no Rio

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Ação visa cumprir oito mandados de prisão e 10 de busca e apreensão. Cerca de 150 policiais participam da operação Agmen.

Policiais da 33ª DP (Realengo) realizam uma operação, na última terça-feira (18), para combater o roubo de cargas no Rio. A ação, comandada pela delegada titular Márcia Xavier, foi batizada como Agmen e visa cumprir oito mandados de prisão e 10 de busca e apreensão. A operação acontece nas comunidades do Batan e da Vila Vintém, em Realengo, na Zona Oeste do Rio.

Cerca de 150 policiais participam da operação, formada por 40 equipes do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), com apoio de agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com blindados.

A operação começou há cinco meses, com a prisão de um dos investigados. A partir daí, os agentes identificaram os membros da quadrilha e os veículos que eles costumavam usar.

De acordo com a delegada Márcia Xavier, dos integrantes da quadrilha identificados, dois são ex-funcionários de uma empresa de cigarros. No entanto, segundo a delegada, não é possível afirmar se eles ainda trabalhavam na empresa quando passaram a fazer parte da quadrilha. "De qualquer forma, eles já tinham informação sobre o esquema de segurança da empresa, rotas e a mecânica da distribuição de cargas.", afirmou Márcia.

O grupo atuava principalmente na Zona Oeste, com uma predileção por cargas de cigarros da empresa Souza Cruz. Dois dos identificados pela investigação eram ex-funcionários da empresa, que agiam como informantes, revelando rotas e esquemas de segurança.

Na operação desta terça foram presos 9 homens. Seis tinham envolvimento direto com a quadrilha, dois eram traficantes que entraram em confronto com os agentes e um era um foragidos da polícia por roubo.

Os agentes também cumpriram 17 mandados de busca e apreensão. Entre os itens apreendidos estão cigarros, armas como uma pistola e uma granada, celulares, notebooks, documentos, um rádio transmissor e material esportivo que também seria fruto de roubo.

Na segunda (17), o Jornal Nacional exibiu uma reportagem que mostra para onde vão os produtos subtraídos nos assaltos a cargas que assustam o estado do Rio: as feiras que vendem mercadorias roubadas. Os repórteres Paulo Renato Soares e Felipe Freire passaram um mês investigando esse mercado e encontraram milhares de pessoas participando dele.

A equipe esteve em três feiras ilegais em Acari e Pavuna, na Zona Norte do Rio, e Duque de Caxias, na Região Metropolitana. Nas feiras ilegais produtos como óleo de soja saia 40% mais barato que no mercado. Um potinho de salame, 70%.

Com os números de lote dos produtos, a reportagem confirmou com as empresas quando os caminhões foram levados. Com as informações, foi possível saber que a carga de óleo de soja, por exemplo, foi levada no dia 19 de junho, a 1,5 km de onde o produto era vendido logo depois, em Acari. Nos cinco primeiros meses de 2017 foram 4.130 roubos de carga. São 27 crimes por dia no estado do Rio.

Os números estão subindo desde 2013. Os roubos são praticados a luz do dia por bandidos que se escondem em favelas estrategicamente perto de rodovias e vias expressas, se aproveitando da geografia e da falta de policiamento para atacar. A luz do dia, assaltam os caminhões e levam a carga para dentro de comunidades. Os motoristas, obrigados a ir com os bandidos, se tornam testemunhas amedrontadas.

Comprar mercadoria roubada é crime de receptação, com pena de um a quatro anos de cadeia. A empresa Supervia, responsável pelos trens urbanos, declarou que a venda de produtos roubados dentro dos vagões e nas estações é um problema de Segurança Pública.

Fonte: G1 Notícias