Saiba quais os principais fatores de desinteresse pela profissão de motorista

Imprimir

Ser motorista de caminhão sempre teve um pouco de romantismo, seja pela possibilidade de poder explorar as estradas dentro e fora do País, ter liberdade para ir e vir e realizar um sonho de infância, ou até mesmo de dar continuidade à profissão herdada do pai ou avô.

Todas essas circunstâncias envolvendo a imaginada rotina do carreteiro encantaram jovens das décadas de 70, que abandonaram os estudos acreditando que seriam os donos do seu próprio negócio trabalhando na estrada, livres, e ainda com perspectiva de obter sucesso profissional. Uns poucos conseguiram, enquanto a maioria continuou batendo marchas e brigando pelo frete.

Motoristas mais velhos lembram que no passado era fácil conseguir frete. Dizem que havia menos roubos de carga e os transportadores solicitavam apenas a Carteira de Habilitação do motorista e uma condução responsável. Transportadores não exigiam cursos, palestras ou treinamento. A profissão era mais valorizada pela sociedade, que enxergava o caminhão como o principal meio para ter acesso às novidades.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Júlio Simões – braço social da companhia JSL – antigamente a profissão era passada de pai para filho, que ainda muito jovem iniciava a vida na estrada. Atualmente a profissão atravessa um período de amadurecimento. Pelos dados do levantamento, mais da metade dos entrevistados inicia a carreira em torno dos 36 anos e, como consequência, cresce também a participação no mercado daqueles profissionais que já poderiam se aposentar e continuar na estrada.

Hoje, existe o risco de assalto e roubos, custo alto do combustível, valor baixo do frete e baixa expectativa de crescimento. Assim, poucos querem se submeter a arriscar a vida na profissão. Os próprios motoristas pararam de incentivar seus filhos a ganhar a vida na estrada. A pesquisa mostra também que dos 1.066 caminhoneiros entrevistados, 60,6% acham a profissão perigosa, 34,9% desgastante e 32,1% dizem que compromete o convívio familiar.

A nova realidade acabou com o romantismo que envolvia a atividade, porém contribuiu para profissionalizar o carreteiro, que para se manter competitivo se atualiza, faz cursos, busca informações em feiras do setor, se preocupa com a aparência e enxerga o caminhão mais como um negócio do que um veículo que serve só para transportar carga.

O novo carreteiro se transformou no principal formador de opinião dentro das transportadoras, das quais muitas já começaram a se preocupar em treinar e preparar seus motoristas, para que estes estejam atualizados com o setor e suas tendências.

Para o diretor executivo de operações da JSL, Adriano Thiele, hoje em dia existe uma preocupação das empresas e dos próprios motoristas em fortalecer a profissão. “Percebemos que junto com o amadurecimento profissional houve uma transformação do setor. A imagem do motorista bronco caiu em desuso e ganharam espaço os profissionais liberais, organizados em pequenas empresas ou cooperativas, que investem em veículos modernos, cercados de tecnologia e que utilizam aplicativos para fechar contratos”, afirma.

 

Fonte: O Carreteiro